sábado, 26 de setembro de 2009

neo-golpe

de Paulo Henrique Amorim
O PiG (*) gosta do Golpe de Estado em Honduras, porque ele é o Golpe que o PiG (*) quer dar no Brasil e não consegue.
É o Golpe by proxy.
Antigamente, quem dava o Golpe eram os militares, com a mão de gato dos americanos.
Tinha sempre a desculpa de o presidente de inclinação trabalhista (Allende, Jango) querer dar um Golpe e o Golpe era um Contra-Golpe para salvar a democracia.
O Elio Gaspari, por exemplo, autor de interminável obra para provar que Geisel e Golbery são o Washington e o Thomas Jefferson da Democracia brasileira, rodou, rodou e não conseguiu demonstrar que Jango ia dar um Golpe.
Isso não cola mais.
Obama não é Nixon, não é Johnson, não é Bush.
Então, é preciso um “neo-Golpe”, como o neo-liberalismo, que jaz num rodapé da História.
(Aliás, Golpe e neo-liberalismo andavam de mãos dadas. O primeiro teórico do Estado Mínimo foi Mussolini. Quem, primeiro, o colocou em prática foi o General Pinochet, com a ajuda dos Chicago Boys. Aqui, foi o Farol.)
Como funciona o “neo-Golpe” ?
Simples.
Acusa-se o Presidente da República de montar um “Semanão” para corromper a oposição.
Acusa-se o Presidente da República de ter aspirações continuistas, com um terceiro mandato.
Instala-se uma CPI no Congresso.
Vai depor um Varão de Plutarco, notável parlamentar de ilibada reputação, Roberto Madison.
Ele brada: a corrupção está ali ao lado, no Palácio do Vale !
É um mar de lama.
O Presidente da Câmara, Thomas Noblat, declara o impeachment do Presidente da República.
O Governo e a situação recorrem.
O Presidente Supremo do Supremo Gilmar Diamantino, notável educador, nas férias do Supremo concede duas liminares em 48 horas aos Golpistas.
E o Presidente da República tem que deixar o país em direção ao Uruguai.
O presidente interino convoca eleições presidenciais.
Tudo dentro da Lei e da Ordem, como diz no PiG (*) e brada a urubóloga Miriam Leitão, uma das trombetas do Golpe.
Vá ao vídeo e veja a trombeta em ação
É assim o “neo-Golpe”.
Dentro da Lei.
Ele só é possível porque o PiG (*) de Honduras e o PiG (*) do Brasil trabalham incansavelmente pelo Golpe.
Um presidente de inclinações trabalhistas – Zelaya é um proprietário rural, como Jango – não tem o direito de ajudar os pobres.
O PiG (*) não perdoa.
E aí se sai com essas sandices, como a que está na primeira página da Folha (**) : “Golpistas acusam Lula de intromissão”.
Intromissão, como ?
E se Zelaya morresse na porta da embaixada do Brasil, pergunta-se Mauro Santayana ?
O que diria a Folha (**), aquela cedia os carros de reportagem aos torturadores do regime militar ?
Melhor do que essa manchete de hoje só aquela outra da Folha: Daniel Dantas – depois de indiciado – diz que a investigação da Satiagraha é viciada.
O PiG (*) faz em Honduras um ensaio do Golpe que quer dar aqui.
Paulo Henrique Amorim
Em tempo: por falar em Varão de Plutarco, o Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (***), deu uma entrevista em Pequim ! Até em Pequim ! Ele disse que acha impróprio o presidente Lula escolher oito dos ministros do Supremo. Quais dos oito Ele veta ? Qual a etnia dele ? O que Ele queria ? Que quando se desse a vaga o Lula chamasse o Farol para escolher ? Ou é melhor ficar assim na Constituição: Presidente trabalhista não pode nomear Ministro do Supremo …
(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**)Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

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